quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Quilombo Campinhos sob cerco, forte ameaça de morte e clima de tensão - ES

Em vias de ter o Decreto de regularização do Território assinado pelo Presidente Lula, a Comunidade Pontal dos Crioulos (Comunidade Lagoa dos Campinhos), em Sergipe, enfrenta o cerco dos fazendeiros, forte ameaçadas de morte e o clima de violência que paira sobre o seu cotidiano.

Na quinta-feira, dia 19 de novembro, vários fazendeiros foram até o Povoado Pontal (um dos núcleos do quilombo) no intuito de localizar lideranças para cumprir a promessa que vem fazendo, há dias, nas reuniões organizadas para planejar saídas (ou vingança) para a não inclusão das suas terras ao Território que será desapropriado para a titulação da Comunidade quilombola. Desde setembro/2009 os fazendeiros vêm se organizando, numa estratégia de intimidação da comunidade e ameaça das lideranças que implementam a luta pela terra. Mas, na tarde de hoje (quita-feira, 19.11.2009), vários veículos entraram na comunidade, dentre os quais o do pai do Ex-prefeito de Telha, conhecido como Zé Silivero.

Não fossem as ameaças, não haveria nenhum problema. No entanto, no dia 12/09/09, à tarde, na Fazenda de Jorge, no Monjolo, os fazendeiros se reuniram para discutir a desapropriação que viria com a possibilidade de assinatura do decreto. Na referida reunião estavam presentes Jorge, Ernandes, João Lucas, Guga, Nefane, Edivaldo dos Santos, Horlando, Derlanio, José João Nascimento Lima, Ecílio, Telvino, Nivaldo, Pedro (conhecido como Pedro rezador), Zé Pretinho, Paulo, Terezinha , empregados de Amorim, Arlindo, Guga, Erílio e Zé Augusto. Ao final da reunião um dos fazendeiros (Nivaldo) colocou explicitamente que “tem que morrer pelo menos 50 pessoas da comunidade para passar no Jornal Nacional e para mostrar para o presidente que morreram um bando de ladrão”.

Uma outra reunião aconteceu no dia 22/09/2009, na Fazenda de Jorge, localizada no Monjolo. Nesta estavam presente Jorge, Ernandes, João Lucas, Guga, Nefane, Edivaldo dos Santos, Horlando, Derlanio, José João Nascimento Lima, Ancilo, Telvino, Nivaldo, Pedro (conhecido como Pedro rezador), Zé Pretinho, Paulo, Terezinha , empregados de Amorim, Arlindo, Guga, Erílio, Zé Augusto. Mais uma vez se repete as ameaças e/ou o planejamento da morte das lideranças quilombolas. Dessa vez se explicita claramente a necessidade de utilização da violência: “as comunidades fizeram o ato e não conseguiram sair no Jornal Nacional, mas nós vamos providenciar para que eles saiam porque cuidaremos de fazer com que amanheçam, pelo menos, três lideranças espetadas nas estacas”.

Dentre as várias reuniões, uma delas ocorreu na fazenda de João Lucas. Contando com a participação dos fazendeiros (Jorge, Ernandes, João Lucas, Guga, Nefane, Edivaldo dos Santos, Horlando, Derlanio, José João Nascimento Lima, Ancilo, Telvino, Nivaldo, Pedro (conhecido como Pedro rezador), Zé Pretinho, Paulo, Terezinha , empregados de Amorim, Arlindo, Guga, Erílio, Zé Augusto), a pauta e os encaminhamentos reiteram aquelas promessas de morte acima mencionadas, ou seja, reafirmaram que “se o governo desapropriar as terras os quilombolas não usarão porque trataremos de usar o dinheiro para encomendar a morte de lideranças da comunidade”.

Face à “morte anunciada”, a comunidade quilombola Lagoa dos Campinhos, em Sergipe, pede proteção. Ao mesmo tempo em que comemora a assinatura do Decreto, não pode esconder a angustia de continuar a viver em meio aos fazendeiros, motivo pelo qual reivindica desapropriação e desintrusão imediata.
A Coordenação

Fonte: Comunidade Lagoa dos Campinhos

Nenhum comentário: